sexta-feira, 22 de outubro de 2010

INSTANTES

Se eu pudesse viver novamente a minha vida, na próxima trataria de cometer mais erros.

Não tentaria ser perfeito; relaxaria mais. Seria mais tolo do que tenho sido; na verdade, bem poucas coisas levaria a sério.

Seria menos higiênico.

Correria mais riscos, viajaria mais, contemplaria mais entardeceres, subiria mais montanhas, nadaria mais rios.

Iria a lugares onde nunca fui, tomaria mais sorvetes e menos lentilhas, teria mais problemas reais e menos problemas imaginários.

Eu fui uma dessas pessoas que viveu sensata e produtivamente cada minuto de sua vida; claro que tive momentos de alegria.

Mas, se pudesse voltar a viver, trataria de ter somente bons momentos.

Porque, se não sabes, disso é feita a vida, só de momentos, não percas o agora.

Eu era um desses que nunca ia a parte alguma sem um termômetro, uma bolsa de água quente, um guarda-chuva e um pára-quedas; se eu voltasse a viver, viajaria mais leve.

Se eu pudesse voltar a viver, começaria a andar descalço no começo da primavera, e continuaria assim até o fim do outono.

Daria mais voltas na minha rua, contemplaria mais amanheceres e brincaria com mais crianças, se tivesse outra vida pela frente.

Mas vejam, tenho 85 anos e sei que estou morrendo...

JORGE LUIZ BORGES , 1986, SUÍÇA.

PS: a autoria do escrito é questionada, não existindo confirmação de que o autor seja de fato Jorge Luiz Borges... Mas independente de quem o redigiuescreveu, o poema toca fundo o coração dos seres sensíveis.

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